O ano termina e com ele as indefectíveis retrospectivas do período que se finda, como se o mundo fosse zerar e tudo começar de novo. Uma ilusão que se criou com a confecção do calendário gregoriano e que é religiosamente seguida em todo o globo: quem nasceu, quem morreu, quem casou, que empresas cresceram, que corporações faliram, que figuras passaram a ser ilustres ou caíram no esquecimento, e por aí adiante. BioAgroEnergia não vai cansar o leitor com mais uma retrospectiva. Vamos trazer quatro parágrafos apenas, sobre o tema energias renováveis, para que sirvam de reflexão:
1. A frase do ano: “O que aconteceu foi um ‘apaguinho’ e não um apagão. O ministro (Edison Lobão, de Minas e Energia) chama de interrupção temporária de energia porque durou meia hora”. (Hermes Chipp, Diretor Geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), em 04 de outubro de 2012). De “apaguinho” em “apaguinho” de energia elétrica, já são seis, só a partir de setembro, que somados formam um grande “apagão”.
2. A falta mais sentida: Sem dúvida, de uma produção bem maior de etanol! Safras seguidas de cana-de-açúcar prejudicadas por questões climáticas, falta de replantio da cana, ausência de regulação adequada, afastaram investimentos no setor. A Petrobras sofreu demais com isto e foi possível constatar como o etanol da cana é tão importante para o País.
3. A descoberta: O Brasil descobriu a energia eólica. Nunca se construíram e instalaram tantos aerogeradores como em 2012. Ainda há enorme descompasso entre a geração de energia e sua distribuição. Mas isto vai se arranjar. Já estão delimitadas várias regiões onde a possibilidade de expansão desta forma de energia renovável já tem projetos e financiamento prontos para serem executados em 2013.
4. O problema, aliás, o grande problema: a energia elétrica gerada por hidrelétricas mostrou toda sua face arcaica. A estrutura do sistema, projetada na década de 1970, está tecnologicamente ultrapassada, reconhece a própria Aneel, agência responsável pela fiscalização do setor elétrico. Não bastasse este problema, que causou diversos apagões (ou apaguinhos, como se queira chamá-los), desnudando um sistema ultrapassado, falta de investimentos e de manutenção, a Presidenta Dilma Rousseff deu um passo, provavelmente seu mais incorreto neste ano, ao minar de forma drástica o poder financeiro da maioria das concessionárias de energia elétrica. Destruiu o valor de mercado da Eletrobras e forçou a antecipação da renovação das concessões de várias empresas, com o objetivo de diminuir o custo da energia elétrica no País, tanto para a indústria como para o consumidor individual. Por sorte, imagine-se, o problema não foi pior pois o crescimento econômico do Brasil foi frustrante. Ou isto se arruma, bem arrumado, ou teremos aí o maior desafio para o País enfrentar no ano que entra.
Fonte: Exame.com 25/12
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